CARLOS ALBERTO VIEIRA, O MELHOR FOTÓGRAFO DE SEMPRE EM MOÇAMBIQUE

23 02 2018
23/02/2018
Carlos Alberto, ainda jovem.
Foi, de longe, e sem margem para dúvidas, o melhor fotógrafo que Moçambique teve até hoje, comprovado pelo trabalho que fez. Pelas circunstâncias da vida, a sua carreira apanhou as que se tornaram as últimas décadas de Moçambique colonial e as duas primeiras de Moçambique independente. Em vez de ir para qualquer país e fazer fortuna, decidiu que era moçambicano e ficou em Moçambique, onde morreu em 1995, creio. Penso que, por ser branco e consagrado, e considerado “comprometido com o colonialismo” (era um dos chavões e uma das paranóias da ditadura frelimiana, especialmente com brancos) as hostes da ditadura da Frelimo acharam melhor “apagá-lo” da cena. Em vez dele, promoveram Ricardo Rangel e Kok Nam (conheci bem Rangel e Nam mas não Carlos Alberto), ambos bons fotógrafos, que tinham as connections, o discurso e a epiderme – mas que simplesmente não se comparavam com Carlos Alberto. E assim é que sobre Rangel especialmente, até teses universitárias já vi publicadas, e elogios rasgados às suas fotos da Rua Araújo (que ele frequentava alegremente, como fotógrafo mas especialmente como cliente, até à Independência) mas zero – zero – sobre a obra de Carlos Alberto, que tem um valor artístico, histórico e comercial dificilmente calculável e de que se conhece pouco e que foi sumária e supostamente apagada da História pelo regime. Digo supostamente porque com o tempo e um pouco de sorte alguém irá ver e perceber e enquadrar as coisas como devem ser. Sei que o seu incomparável espólio existe e está bem preservado. Isso já é um bom começo.